sábado, 20 de dezembro de 2008

A luta dos Professores não será, afinal, a luta para que os deixem ser, simplesmente, Professores?

O sector da Educação, em Portugal, está organizado em serviços governamentais, sediados na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, que definem as políticas de cada Governo da República para o sector; serviços centrais, sediados na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, que definem ou redefinem as orientações de política educativa, emanadas dos serviços governamentais, e que destes dependem politicamente; serviços regionais, organizados em cinco direcções regionais, que executam as políticas emanadas dos serviços governamentais e centrais, que dependem politicamente da equipa do governo para o sector.
As Escolas ou Agrupamentos de Escolas são as Unidades Operacionais do sector da Educação. Os operacionais ou trabalhadores do sector da Educação designam-se de Professores. Os Professores não têm qualquer controlo na definição das políticas educativas. São meros executores das políticas educativas emanadas dos serviços governamentais, centrais e regionais. Em cadeia hierárquica.
A cada alteração política das equipas governativas para o sector, correspondem alterações na estrutura hierárquica nos serviços governamentais, centrais e regionais. E na filosofia e praxis para o sector.
Até ao momento, sómente as Escolas têm sobrevivido à intromissão do primado do político-partidário sobre o técnico.
Os actuais responsáveis políticos do Governo, para o sector da Educação, introduziram uma mudança substancial. Os Conselhos Executivos, órgãos de gestão das Escolas, passaram a veicular as orientações de política partidária do governo, directamente dentro das Escolas, tornando-se, grosso modo, comissários políticos. O braço político-partidário dos governos entrou, pela mão desta ministra e deste governo, nas Escolas, onde existia, até à data, o primado do técnico-profissional e do investimento na sala de aula e nos alunos, sobre os interesses político-partidários.
Os Professores sentem a sua profissão ameaçada. Sabem, que para sobreviver dentro do sistema, tal como este actualmente se apresenta, terão que deixar de ser professores, para se tornarem algo que nega o seu próprio estatuto profissional (de professores).
Este facto, determina que são, inevitavelmente, os melhores professores aqueles que estão verdadeiramente em guerra aberta com esta ministra e com este primeiro ministro. Os restantes professores seguem-nos, por intuirem que algo de grave se pode passar que também os pode atingir.
Resta uma minoria, que optaram, definitivamente, por serem comissários políticos, e não já professores.

3 comentários:

  1. Grande Ana Henriques, já era altura de criar um blog.

    Boas postas! :)

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  2. Plenamente de acordo. À tentativa do governo de partidarizar a escola e de a pôr ao serviço, não já da República, mas da oligarquia, respondem os professores com a politização da sua luta.

    E não venham os Vitais Moreira, nem os Santos Silvas, nem os Jorges Pedreiras com a treta da legitimidade democrática: a legitimidade democrática, têm-na os professores, porque são eles que estão a lutar pela República contra os seus inimigos.

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